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Fumaça toma conta do céu de Manaus

Internautas alegam que as autoridades amazonenses “normalizaram a fumaça”

Escrito por
Rhyvia Araujo
November 18, 2023
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A cidade de Manaus foi novamente coberta por uma densa camada de fumaça durante a manhã deste sábado (18), com o agravante, o ar na cidade voltou a ser considerado péssimo. Embora o Pará concentre o maior número de focos de queimada, pesquisadores apontam que o estado não é responsável pela fumaça observada na capital do Amazonas. Nas redes sociais, internautas alegam que as autoridades amazonenses “normalizaram a fumaça”.

Recentemente, o governo do Amazonas disse que o “fenômeno” era causado pelas queimadas ocasionadas no Pará e também por conta de chuvas baixo da média, no entanto o pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lucas Ferrante destaca que o estado vivenciou um momento de calmaria nos ventos na época de maior registro de fumaça, o que dificultaria a passagem do Pará até Manaus.

Observamos que os ventos alísios estão enfraquecidos de forma que não se traz umidade para a região amazônica. Esse fato agrava a seca e favorece incêndios criminosos. Com os ventos enfraquecidos, é implausível que a fumaça esteja vindo do Pará para o Amazonas, até porque a fumaça é muito mais densa que a umidade — explica o pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lucas Ferrante.

De acordo com Ferrante, sensores desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), identificaram uma possível fonte da fumaça. “Com base nos dados de focos agregados em torno de Manaus, nós vemos uma concentração muito grande de focos de queimadas em Careiro e Autazes, ou seja, no norte da rodovia BR 319, que é uma região onde um novo ciclo de desmatamento movido pela pecuária tem se intensificado e causado os incêndios criminosos originários da fumaça”, revela Ferrante.

Nós temos dados de concentração PM2.5 para Manaus, para a Torre Atto, que fica entre Manaus e o estado do Pará, e para Santarém, no Pará. Observamos que existe uma concentração superior em mais de 100 omicron gramas do particulado em Manaus, se comparado ao registrado na Torre Atto. Se a fumaça tivesse vindo do Pará, se esperaria índices tão altos ou maiores nas outras duas estações. E os valores das duas localidades foram muito menores — diz o pesquisador.

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