A vitória inesperada da esquerda nas eleições legislativas francesas desencadeou um período de mudanças políticas no país. Na segunda-feira (8), o primeiro-ministro Gabriel Attal, pertencente ao bloco centrista Juntos, ofereceu sua renúncia ao presidente Emmanuel Macron, que a rejeitou, solicitando que Attal permaneça no cargo até que a situação se estabilize.
A coalizão de esquerda Nova Frente Popular conquistou 182 assentos na Assembleia Nacional, seguida pelo Juntos, com 168 assentos. A extrema-direita, representada pelo Reunião Nacional (RN) de Marine Le Pen, garantiu 143 cadeiras. Nenhuma força política atingiu os 289 assentos necessários para formar uma maioria e governar sozinha.
Diante desse cenário, negociações entre as forças políticas mais votadas são inevitáveis para a formação de uma coalizão governamental. No entanto, as divergências em questões como impostos, imigração e política externa para o Oriente Médio tornam essas negociações desafiadoras.
Embora a aliança entre o centro e a esquerda não tenha sido formalizada, líderes da Nova Frente Popular sinalizaram a possibilidade de cooperação para alcançar a maioria necessária. No segundo turno, centro e esquerda retiraram candidaturas concorrentes em vários distritos para enfraquecer a extrema-direita, uma estratégia que se mostrou eficaz.
Jean-Luc Mélenchon, um dos principais líderes da esquerda, exigiu que Macron reconhecesse a derrota de seu campo político e convidasse a Nova Frente Popular a governar. Até o momento, Macron não anunciou quando fará o convite para a formação do governo.
Se as tentativas de formar uma coalizão fracassarem, Macron poderá nomear um governo de especialistas independentes, que necessitará da aprovação do novo Parlamento para administrar os assuntos cotidianos da França.
DECEPÇÃO NA EXTREMA DIREITA
Para a extrema direita, o resultado foi decepcionante, apesar do crescimento significativo de assentos do RN, que passou de 88 para 143. No primeiro turno, o partido de Marine Le Pen havia liderado todas as forças políticas, projetando uma maioria absoluta que não se concretizou.
Jordan Bardella, líder jovem do RN e potencial premiê, criticou os acordos políticos que, segundo ele, entregaram o país “nos braços de Mélenchon”. Ele prometeu intensificar a oposição e classificou uma possível aliança entre esquerda e centro como “aliança da desonra”.
Em um movimento inesperado, Macron pediu que Attal permanecesse no cargo de primeiro-ministro, adiando a renúncia até que a nova configuração política se estabeleça.
RESULTADOS DAS ELEIÇÕES
O segundo turno das eleições, realizado no domingo (7), contou com a participação de quase 60% dos eleitores. Os resultados foram os seguintes:
- Nova Frente Popular (esquerda): 182 assentos;
- Juntos (centro, coalizão governista): 168 assentos;
- Reunião Nacional (extrema direita): 143 assentos.
Marine Le Pen expressou frustração com o resultado, mas afirmou que “nossa vitória foi apenas adiada”.
Gabriel Attal, que admitiu a derrota de seu bloco, colocou seu cargo à disposição. Agora, cabe a Macron indicar um novo premiê com base nos resultados eleitorais, mas ainda não há previsão para isso.
NECESSIDADE DE ALIANÇA PARA GOVERNAR
A Nova Frente Popular e o Juntos formaram uma aliança informal no segundo turno para impedir o avanço da extrema direita. No entanto, a formação de um governo conjunto entre centro e esquerda permanece incerta devido a divergências em questões cruciais, como a reforma da Previdência.
Mélenchon insistiu que Macron deve admitir a derrota e considerar uma relação com a NFP para formar o governo.