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As vitórias que podem ser obtidas por meio do esporte vão muito além de pódios e medalhas. Dedicar-se à rotina de uma atividade esportiva e desenvolver estratégias visando bons resultados em competições é algo que pode resultar em benefício muito maior do que o de superar adversários: permite ao indivíduo superar a si mesmo.

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Redação
October 05, 2022
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<p>As vitórias que podem ser obtidas por meio do esporte vão muito além de pódios e medalhas. Dedicar-se à rotina de uma atividade esportiva e desenvolver estratégias visando bons resultados em competições é algo que pode resultar em benefício muito maior do que o de superar adversários: permite ao indivíduo superar a si mesmo. Exemplos disso não faltam entre os milhares de atletas que participam, em Brasília, da edição deste ano dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs).</p>

<p>Judoca e professora de defesa pessoal, a gaúcha Maria Eduarda Tendero, de 22 anos, não obteve, no JUBs de 2022, resultado tão bom quanto em outras competições – entre elas a terceira colocação conquistada há poucos anos na Copa Rio Internacional.</p>

<p>Lidar com a frustração, segundo ela, é algo que a torna cada vez mais preparada para enfrentar problemas. “O judô sempre me ajudou a ser resiliente. É muito útil para o meu psicológico, ensinando que há sempre um dia após o outro, e que existe muita coisa boa além do pódio”.</p>

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<figure class="wp-block-image aligncenter size-full is-resized"><img src="https://diariodacapital.com/wp-content/uploads/2022/10/image-19.png" alt="" class="wp-image-7255" width="439" height="292"/><figcaption>Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil</figcaption></figure>

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<p>O histórico de vitórias da faixa preta inclui um adversário que não veste quimono e cujos golpes têm, como ponto de partida, o psicológico de suas vítimas. “Fui diagnosticada com vitiligo há cerca de dez anos, quando ainda criança. Como é uma doença relacionada a estresse, vi no judô uma possibilidade de controlá-la”, disse à Agência Brasil a judoca, ao relatar ter conseguido estagnar o desenvolvimento da doença ainda em sua fase inicial.</p>

<p>“Na época eu fazia judô há apenas poucos meses. Aproveitei então para usá-lo como ferramenta antiestresse. Saio leve do tatame, mesmo quando chego me sentindo sobrecarregada. O benefício é evidente”, enfatiza a atleta que dá aula de judô para crianças e de defesa pessoal para mulheres.</p>

<p>O esporte representou, para ela, também acesso ao curso de educação física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O cursinho pré-vestibular foi custeado pelo seu clube, o Grêmio Náutico União, que também bancou uma complicada cirurgia de ligamento no joelho. “Minha família não teria a menor condição de arcar com esses custos”, disse.</p>

<p><strong>Obstáculos</strong></p>

<p>Lidar com os obstáculos do dia a dia é a especialidade dos praticantes de um outro esporte que, por ter se tornado olímpico, está cada vez mais popular, também, no JUBs: o skate.</p>

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<figure class="wp-block-image aligncenter size-full is-resized"><img src="https://diariodacapital.com/wp-content/uploads/2022/10/image-20.png" alt="" class="wp-image-7256" width="430" height="287"/><figcaption>Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil</figcaption></figure>

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<p>“Não é à toa que, na modalidade Street, os elementos da pista, onde temos de fazer as manobras, chamam-se obstáculos”, explica Gabriel Miranda, 22, estudante do 5º semestre de história na Universidade Federal do Amapá (Unifap).</p>

<p>Gabriel diz que o skate está presente em sua vida desde que começou a praticar, aos 8 anos. “É uma necessidade”, segundo ele, mesmo em meio às dores consequentes das muitas quedas que já teve.</p>

<p>“O skate é um esporte que tem uma rotina com muito mais erros e quedas do que acertos. Dessa forma, desenvolve, em seus praticantes, um jeito particular de ver o mundo, pelo qual obstáculos passam a representar desafios a serem superados”, disse.</p>

<p>Essa necessidade de condicionar o lado mental a lidar com dificuldades e adversidades fez do atleta uma pessoa mais focada em seus objetivos, imediatos ou não.</p>

<p>“Em primeiro lugar, eu sou um cara que não sente ansiedade. E tenho sensação constante de ter um horizonte a perseguir. Estou sempre focado nisso e não me deixo abalar pelas</p>

<p><strong>Cheerleading</strong></p>

<p>Foco, disciplina, equilíbrio, flexibilidade, muito treino e perseverança são fundamentais também para uma modalidade que tem ganhado espaço no JUBs: o cheerleading, prática esportiva bastante difundida por meio dos filmes norte-americanos, com suas “líderes de torcida” fazendo coreografias e movimentos que misturam ginástica artística, dança, circo, acrobacia, elevação, lançamento e movimentos de solo.</p>

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<figure class="wp-block-image aligncenter size-full is-resized"><img src="https://diariodacapital.com/wp-content/uploads/2022/10/image-21.png" alt="" class="wp-image-7257" width="399" height="266"/><figcaption>Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil</figcaption></figure>

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<p>Tudo requer, segundo o atleta e treinador da equipe da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Willy Dirita, 25, “muita força, equilíbrio, flexibilidade e trabalho em conjunto”. O gosto pelo “cheer” o fez trocar o curso de engenharia, iniciado em 2015 “estimulado pela família”, pelo de educação física, em 2018, três anos após iniciar na modalidade.</p>

<p>“Além de ser atleta, trabalho e vivo disso. O cheer era nada e virou tudo, tanto no campo profissional como social. Meus amigos são todos praticantes”, disse o estudante que já têm um histórico de três campeonatos brasileiros e três mineiros.</p>

<p><strong>Jogos eletrônicos</strong></p>

<p>Entre as modalidades eletrônicas que vêm ganhando espaço nos JUBs está a do jogo League of Legends (LOL), que tem, entre seus praticantes, o estudante de tecnologia da informação da Universidade Potiguar (UNP) Cassiano Goés.</p>

<p>Conhecido como “Cacá do Pálio”, ele ganhou destaque no JUBs – e reconhecimento, ao ser premiado como “melhor jogador” da edição 2021 dos jogos – após um histórico “pentakill”, obtido na final, quando, sendo o único remanescente de sua equipe, conseguiu derrotar cinco adversários da outra equipe.</p>

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<figure class="wp-block-image aligncenter size-full is-resized"><img src="https://diariodacapital.com/wp-content/uploads/2022/10/image-22.png" alt="" class="wp-image-7258" width="377" height="252"/><figcaption>Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil</figcaption></figure>

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<p>Segundo ele, os jogos eletrônicos representam uma “verdadeira malhação cerebral”, para lidar com a grande quantidade de informações que surgem a todo momento. Entre os integrantes de sua equipe há também estudantes de medicina, direito e psicologia.</p>

<p>Ele cita um estudo desenvolvido pelo departamento de psicologia de sua universidade indicando que os praticantes do jogo “desenvolvem pensamento rápido e análise espacial”, o que dá a eles tempo mais rápido de resposta. “Nós aprendemos as coisas mais rapidamente”, afirma o estudante que é, também, gerente em uma empresa do ramo alimentício.</p>

<p>“Sou reconhecido, em meu ambiente de trabalho, como uma pessoa com mais facilidade para identificar prioridades, minimizar tempo e para tomar, de forma rápida, decisões sobre distribuição e uso dos alimentos. Como o LOL é um jogo coletivo, desenvolveu, em mim, liderança de equipe, o que também me ajuda na hora de organizar minha equipe de trabalho”, acrescentou.</p>

<p><strong>Talento</strong></p>

<p>Baiana de São Gonçalo dos Campos, a atleta de lançamento de dardo Ana Carolina Marques, 25, já conquistou dois títulos nacionais pela federação da modalidade, além de um terceiro lugar no sul-americano e a 15ª posição no ranking mundial.</p>

<p>Em meio a tanto talento sucedido de títulos, a estudante de educação física da Uninassau de Feira de Santana diz que o que mais a encanta é passar adiante toda a experiência adquirida com treinamentos e experiências obtidas graças ao desporto.</p>

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<figure class="wp-block-image aligncenter size-full is-resized"><img src="https://diariodacapital.com/wp-content/uploads/2022/10/image-23.png" alt="" class="wp-image-7259" width="381" height="254"/><figcaption>Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil</figcaption></figure>

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<p>“Muita coisa brilha nos meus olhos. Em especial, crianças, formação de atletas e trabalho social. Isso já faz parte do meu presente e fará também do meu futuro, porque quero que outras pessoas tenham acesso ao que eu tive”, disse ela em meio a recordações de viagens e de encontro com outros atletas que admiração.</p>

<p>Ela participa de um projeto social que estimula crianças carentes a praticarem artes marciais, atletismo, capoeira e futebol na cidade natal, para onde retornou após muitos anos vivendo em São Paulo, onde se profissionalizou como esportista.</p>

<p>A estudante parou com as competições em 2019, mas foi “motivada a retornar” pela torcida de sua cidade, que sempre acompanhou, ainda que a distância, suas façanhas esportivas. “Hoje realizo, nos jogos estudantis, o sonho de representar [oficialmente] a minha cidade e o meu estado”.</p>

<p>Ao buscar “novos vencedores” por meio do projeto que desenvolve em parceria com a prefeitura de sua cidade, a atleta acredita que conseguirá “transformar em reticências o futuro ponto final” de sua carreira, ao ajudar alunos e, por tabela, aqueles que os cercam.</p>

<p>“Temos vários talentos, mas não basta ter talento. Precisamos de estrutura ao redor, em especial da família. E o esporte sempre pode ajudar nessa missão”, conclui.</p>

<p><strong>JUBS</strong></p>

<p>Organizados pela Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), os JUBs registraram quase 8 mil inscrições, entre atletas, comissão técnica, profissionais da saúde e voluntários, para a atual edição que se encerrará no próximo domingo (25).</p>

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<figure class="wp-block-image aligncenter size-full is-resized"><img src="https://diariodacapital.com/wp-content/uploads/2022/10/image-24.png" alt="" class="wp-image-7260" width="369" height="246"/><figcaption>Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil</figcaption></figure>

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<p>Participam das competições atletas de 18 a 25 anos regularmente matriculados em uma instituição de ensino superior e previamente selecionados nas seletivas estaduais. Ao todo, 28 modalidades fazem parte do cronograma esportivo do evento, entre acadêmicas, olímpicas, paralímpicas e eletrônicas.</p>

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