Um coletivo de escritoras, representado pelo grupo "Nós, Carolinas do Brasil", está solicitando ao Ministério da Cultura a revogação do Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura, alegando falhas no processo de seleção e criticando um dos critérios que, segundo elas, estimula o preconceito linguístico.
Lançado em abril do ano passado, o prêmio distribuiu R$ 3 milhões para 61 escritoras, cada uma recebendo R$ 50 mil. O critério contestado é o "domínio técnico e inventividade no uso de recursos linguísticos", previsto no edital do Ministério da Cultura.
O coletivo argumenta que esse critério força uma adaptação que busca restringir a diversidade linguística a um único modelo considerado "correto", proveniente da norma linguística imposta pelos colonizadores. Elas afirmam que nenhuma escritora quilombola ou indígena atingiu a nota máxima no edital.
O Ministério da Cultura nega as acusações, afirmando que o critério não se baseia em conhecimento gramatical, mas no modo como as escritoras utilizam recursos linguísticos na criação literária. Em nota, o Governo diz que há um entendimento equivocado ao comparar "domínio técnico" com "preconceito linguístico".
O coletivo também critica o prazo de três dias para elaborar recursos em caso de discordância com os resultados, considerando-o curto. Além disso, alega que não teve acesso à pontuação em cada categoria, dificultando a fundamentação adequada dos recursos apresentados. O Ministério da Cultura planeja uma reunião com as artistas para discutir as questões levantadas.