Imagine um “clube de assinatura de beleza” em que você paga um determinado valor mensal e pode usufruir dos serviços estéticos de diversos estabelecimentos da área. Essa é a proposta do Beauty Pass Brasil empresa criada em Manaus, que se intitula como o primeiro serviço do tipo no país.
Para as clientes, a proposta de fato funciona, no entanto, na hora de repassar o valor aos salões e aos funcionários que realizaram os serviços estéticos, a empresa desaparece e vai em busca de um novo salão para aplicar o suposto golpe, conforme relataram testemunhas.
Um dos espaços lesados foi o “S.”, que preferiu permanecer em anonimato, mas que vamos chamá-lo assim para facilitar a leitura. O estabelecimento passou a trabalhar com o Beauty Pass há dois meses, e desde o começo enfrentou problemas na hora de receber o repasse.
“Ela contrata o serviço do salão, a cliente paga pra ela R$ 199, aí a cliente tem o direito de ir quantas vezes quiser no salão durante 15 dias. Quando chega no dia dela pagar o salão ela fica enrolando colocando um monte de dificuldade. Acaba que ela não paga, aí o salão encerra o contrato com ela, e então ela vai pra outro salão fazer a mesma coisa. E assim ela vai enganando e deixando de pagar”, disse uma das representantes do lugar, que não recebeu o repasse do Beauty Pass da última quinzena (cerca de R$ 8 mil) e não consegue mais entrar em contato com o serviço.
Segundo o S., o suposto golpe foi percebido (junto com o sumiço do pagamento) quando começaram a chegar clientes que deveriam ser atendidas por outros salões, mas que, de acordo com elas, esses estabelecimentos se recuaram a atendê-las por estarem passando pela mesma situação.
BEAUTY PASS
O Beauty Pass é oferecido pela empresa Divine Club Brasil Ltda., criada em 2021, de propriedade de Ellen Regina Sena Lima.
No catálogo, o serviço oferece diversos planos, que variam de R$ 99 a R$ 997 ao mês, dependendo do combo.
No contrato firmado com o S., Ellen ganharia a remuneração de 10% a cada R$ 20 mil mensais feito pelo salão em questão, através de clientes do Beauty Pass, conforme ela prometia. No entanto, de acordo com o Studio, a empresa nunca chegou a atingir esse montante com o serviço de assinatura.
Tanto Ellen quanto a Divine possuem diversos processos judiciais no âmbito trabalhista, de quitação e de perdas e danos.
O Diário da Capital tentou entrar em contato com a empresária para saber seu lado da história, mas, até o final desta edição, ela não respondeu nossas mensagens e nem atendeu às nossas ligações.
Entramos em contato, então, com o link de WhatsApp disponibilizado no Instagram do Beauty Pass. No início, fomos atendidos normalmente, mas depois pararam de nos responder.
ATUALIZAÇÃO
Após a publicação desta matéria, no dia 19 de abril, Ellen Regina Sena Lima entrou em contato com a equipe do Diário da Capital para contar seu lado da história. Ela afirma que o pagamento do valor devido ao S. foi, sim, efetuado, no dia anterior, no próprio salão, “diretamente para o dono do estabelecimento e com quatro funcionários como testemunha”, o que todos negaram ter acontecido. Questionamos se Ellen tinha algum documento que comprovasse esse pagamento, mas ela tentou desconversar, dizendo que estava havendo “um grande mal-entendido nisso tudo”.
Ellen também ameaçou o portal, insistindo que a matéria fosse tirada do ar, do contrário, ela entraria com um processo por “calúnia” e “difamação” contra o Diário da Capital. No entanto, em vez de dar entrada imediatamente ao processo, a empresária tem ligado insistentemente para a nossa equipe arquivar a publicação.