Antes de desembarcar em Manaus, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por meio de comunicado, anunciou uma lista de investimentos milionários, que serão aplicados em iniciativas de preservação e desenvolvimento sustentável da Floresta Amazônica. O democrata deve pousar na capital amazonense durante a manhã deste domingo (17) e marca a primeira vez que um presidente norte-americano em exercício conhece a Amazônia.
Segundo comunicado, a visita demonstra o “compromisso” de Biden de enfrentar a crise climática, além de ser parte de uma “promessa histórica” de aumentar o financiamento ambiental do mundo. A lista de medidas começa por um investimento de US$ 50 milhões (cerca de R$ 250.000.000) para o Fundo Amazônia, que segundo a Casa Branca, elevará as contribuições totais do projeto para US$ 100 milhões (500 milhões de reais). O montante ainda está sujeito à aprovação do Congresso.
“Hoje, como parte de sua viagem histórica à Amazônia, o presidente Biden anunciará que os Estados Unidos cumpriram sua promessa histórica de aumentar o financiamento climático internacional dos EUA para mais de US$ 11 bilhões (R$ 55 bilhões) por ano até 2024 – tornando os Estados Unidos o maior fornecedor bilateral de financiamento climático do mundo”, diz trecho da nota divulgada neste domingo.
Em Manaus, o presidente Joe Biden fará um passeio aéreo pela Amazônia e visitará o Museu da Amazônia (Musa), que ocupa 100 hectares de floresta nativa e é considerado um museu vivo. Durante sua visita, Biden se encontrará com líderes indígenas e pesquisadores da região.
No dia 18, Biden estará no Rio de Janeiro para participar do G20, onde será recepcionado e assistirá ao lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, uma proposta do governo brasileiro.
Já na terça-feira (19), o presidente dos EUA terá um encontro bilateral com Lula, seguido de um almoço de trabalho com o presidente brasileiro. No mesmo dia, Biden retornará à Casa Branca.
Outras medidas à Amazônia, conforme anúncio da Casa Branca, incluem:
Lançamento da Brazil Restoration & Bioeconomy Finance Coalition: a coalizão composta pelos Estados Unidos, o banco BTG Pactual e mais de 12 outros parceiros privados e públicos. O foco, segundo a Casa Branca, é mobilizar US$ 10 bilhões (R$ 50 bilhões) até 2030 para projetos de restauração ecológica e bioeconomia, com a meta de restaurar 5,5 milhões de hectares de terras degradadas e reduzir 1,5 gigatoneladas de emissões de carbono até 2050. Desse total, ao menos US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) serão direcionados a apoiar comunidades indígenas e locais da Amazônia brasileira, fortalecendo a economia local enquanto preserva a biodiversidade da região.
Projetos de reflorestamento e redução de carbono: O apoio financeiro dos EUA também se estende a projetos específicos de reflorestamento. A Corporation Finance Development (DFC) anunciou um empréstimo de US$ 37,5 milhões (R$ 187,5 milhões) para a empresa brasileira Mombak Gestora de Recursos, focada no plantio em larga escala de árvores nativas em pastagens degradadas no estado do Pará. Esse projeto visa obter até 5 milhões de toneladas métricas de CO2 ao longo de 50 anos, contribuindo para a preservação da biodiversidade local e a recuperação do equilíbrio climático global.
Apoio ao Tropical Forest Forever Facility (TFFF): os Estados Unidos também anunciou apoio ao Tropical Forest Forever Facility (TFFF), um fundo inovador de US$ 125 bilhões (R$ 625 bilhões) que será destinado à conservação das florestas tropicais, com um foco especial nas regiões da Amazônia. O TFFF busca atrair investimentos privados significativos para enfrentar o desafio global de preservar as florestas mais importantes do planeta, especialmente em tempos de crise climática.
Alianças para a Amazônia: visa expandir uma parceria já existente entre o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e a USAID. A iniciativa anterior acelerou 123 negócios focados na biodiversidade, gerando US$ 7,5 milhões (R$ 37,5 milhões) em financiamento privado e ajudando a preservar 39 milhões de hectares de floresta. Agora, segundo a Casa Branca, a nova fase da parceria incluirá a ampliação da metodologia científica TerraBio, desenvolvida pela USAID-CIAT, para medir o impacto da biodiversidade em projetos de investimento, potencializando a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais na região.
US$ 2,6 milhões ao Rainforest Wealth Project: a USAID investirá US$ 2,6 milhões (R$ 13 milhões) no Rainforest Wealth Project, liderado pelo IMAFLOA em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA). O projeto visa criar modelos econômicos sustentáveis para a conservação de florestas, promovendo o comércio justo e fortalecendo as cadeias de valor de produtos florestais não madeireiros. Focado no norte e sudeste do Pará, o projeto também buscará integrar agricultores familiares, comunidades tradicionais, assentados e quilombolas à rede Origens Brasil, incentivando a agroecologia e o desenvolvimento sustentável.
Novos modelos de negócios para fortalecer o ecossistema: segundo a Casa Branca, serão investidos US$ 4 milhões (R$ 20 milhões) para apoiar a criação de novos modelos de negócios que promovam a bioeconomia na Amazônia brasileira. Em parceria com a organização local Conexsus, o programa visa equilibrar a conservação das florestas com o crescimento econômico, beneficiando empresas e famílias locais. A iniciativa é parte de um compromisso maior, firmado com a Skoll Foundation, para combater o desmatamento, promover o desenvolvimento local e avançar na igualdade de gênero.
Projeto Assobio The Call for Socio-Biodiversity: O projeto, que terá o investimento de US$ 1,4 milhão (R$ 7 milhões), busca conservar florestas e biodiversidade, enquanto gera renda e melhora a segurança alimentar. Focando na gestão regenerativa da terra, ele apoiará agricultura familiar e povos indígenas, criando arranjos público-privados para atrair financiamento e promover a sustentabilidade. O projeto contribuirá para a conservação de 8,9 milhões de hectares de floresta em Mato Grosso.
Programa Agricultura Regenerativa para a Conservação da Amazônia (ARCA): Segundo a Casa Branca, serão investidos US$ 2,8 milhões (R$ 14 milhões) no projeto voltado para a restauração ambiental em territórios no Arco do Desmatamento da Amazônia (Mato Grosso, Maranhão e Pará). O programa visa melhorar a gestão sustentável da terra, conservar a biodiversidade e aumentar a resiliência socioambiental das comunidades tradicionais, como povos indígenas e quilombolas, em mais de 19 milhões de hectares de terra.
Melhoria dos fertilizantes: o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) irá investir US$ 1,2 milhão (R$ 6 milhões) em um projeto conjunto com instituições brasileiras e americanas para melhorar a eficiência dos fertilizantes, parte da iniciativa Fertilize for Life. O foco é combater as mudanças climáticas, melhorar a produtividade agrícola e promover agricultura sustentável, reduzindo também as emissões de óxido nitroso.
Redução do desmatamento: por meio de uma doação de US$ 2,5 milhões (R$ 12,5 milhões) para a Nature Conservancy (TNC), a Casa Branca informou que os esforços estão voltados para a redução do desmatamento no setor bovino brasileiro. O foco é melhorar a rastreabilidade do gado ao longo da cadeia de suprimentos, visando prevenir 400 milhões de toneladas de emissões de carbono por ano, causadas pelo desmatamento e perda de habitat, além de reduzir as emissões de metano. O projeto tem como base o Estado do Pará, que busca atingir a rastreabilidade total do gado até 2025.
Primeiro Corpo de Bombeiros Indígena: segundo os EUA, estão sendo investidos US$ 7,8 milhões (R$ 39 milhões) em uma parceria com o Serviço Florestal dos EUA (USFS) para fortalecer o gerenciamento de incêndios florestais no Brasil. O projeto apoia agências brasileiras na prevenção e resposta a incêndios, implementando currículos padronizados e o Incident Command System. Além disso, o USFS promove um gerenciamento inclusivo, treinando mulheres e comunidades indígenas, incluindo o primeiro corpo de bombeiros indígena totalmente feminino no Tocantins e Maranhão.
Aliança dos Povos Indígenas pelas Florestas da Amazônia Oriental: segundo a USAID, o montante de US$ 1,9 milhão (R$ 9,5 milhões) está voltado para o lançamento do projeto Aliança dos Povos Indígenas pelas Florestas da Amazônia Oriental, que reunirá organizações indígenas para conservar e restaurar recursos naturais em 14 territórios nos estados do Maranhão e Tocantins. O projeto abrangerá 2,5 milhões de hectares e beneficiará cerca de 35.000 pessoas de 11 grupos étnicos, incluindo um grupo em isolamento voluntário.
Tapajós for Life: a iniciativa receberá US$ 4 milhões (R$ 20 milhões) para reduzir ameaças à biodiversidade na Amazônia, melhorando o uso sustentável e a conservação de 7 milhões de hectares de áreas protegidas e terras de povos indígenas na bacia do rio Tapajós. O projeto apoiará cadeias de valor sustentáveis, turismo comunitário e gestão territorial.
Conservação: Além disso, a USAID está investindo US$ 1,4 milhão (R$ 7 milhões) no Projeto Bem-estar e Gestão Territorial nas Bacias dos Rios Negro e Xingu, com o objetivo de fortalecer a gestão ambiental nas terras indígenas dessas bacias, ajudando a implementar a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) e apoiar a conservação de 26 milhões de hectares na Amazônia.
US$ 2,6 milhões (R$ 13 milhões) para o projeto Gestão Territorial Indígena Integrada: a iniciativa apoiará organizações indígenas na elaboração de planos de gestão territorial e ambiental. O objetivo é fortalecer a capacidade dos povos indígenas e suas organizações para proteger e gerenciar de forma sustentável os recursos naturais em 27 milhões de hectares de áreas florestais no sul do Amazonas e nas paisagens de savana e florestais de Roraima.
Sistemas Avançados de Energia Zero Carbono na Amazônia: O Departamento de Energia dos EUA realizará uma avaliação sobre a implantação de minirredes renováveis na Amazônia Legal para apoiar o Programa Energias da Amazônia do Brasil. O objetivo é reduzir os impactos sociais e ambientais da dependência de combustíveis fósseis, fornecendo energia limpa e confiável para comunidades vulneráveis, promovendo o desenvolvimento social e econômico sustentável na região.
Cooperação One Health: A National Science Foundation anunciou US$ 17 milhões (R$ 85 milhões) para projetos focados em clima, meio ambiente e saúde na Bacia Amazônica. A iniciativa visa promover a cooperação intersetorial para resolver desafios globais relacionados à saúde e ao meio ambiente.
Combate ao Crime Organizado: Os EUA forneceram US$ 1,4 milhão (R$ 7 milhões) para combater a mineração ilegal e o tráfico de mercúrio na Amazônia. A iniciativa visa reduzir a atividade criminosa e promover o estado de direito e o desenvolvimento econômico, enfrentando os impactos ambientais e sociais negativos, como o desmatamento e a contaminação de recursos hídricos.
Joe Biden também anunciou a assinatura de uma procuração dos EUA que institui o 17 de novembro como o Dia Internacional da Conservação. O documento reconhece a importância da conservação ambiental para proteger a subsistência das pessoas, conservar ecossistemas e vida selvagem, garantir o uso sustentável de terras e águas para as futuras gerações e ajudar a mitigar os piores impactos das mudanças climáticas.