A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou o adiamento de seu depoimento à Polícia Federal (PF) no caso que investiga uma suposta organização criminosa para elaborar um golpe de Estado. Alegando falta de acesso integral às provas, os advogados afirmaram que Bolsonaro “opta, por enquanto, pelo uso do silêncio”.
Assim como outros investigados, Bolsonaro foi intimado a comparecer à PF na próxima quarta-feira (21) para prestar esclarecimentos sobre a suposta trama golpista. Os advogados destacaram que o ex-presidente só deverá prestar depoimento quando tiver acesso completo às provas no processo, “não abdicando de prestar as devidas declarações assim que tiver conhecimento integral dos elementos”.
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Os advogados alegaram que a decisão do relator, ministro Alexandre de Moraes, que autorizou medidas cautelares contra Bolsonaro, “contém excertos de supostas conversas presentes nos celulares apreendidos ao longo de todo este procedimento investigatório, mídias as quais a defesa não teve acesso até hoje”.
A defesa também destacou que as investigações começaram há pelo menos 10 meses, sem que nesse tempo tenha sido franqueado o acesso da defesa às provas. Por esse motivo, o silêncio se faz necessário para preservar o “direito à ampla defesa, cujo pleno exercício está sendo tolhido pelo represamento de elementos cruciais para a compreensão dos fatos”.
Bolsonaro é um dos alvos na Operação Tempus Veritatis, deflagrada há quase duas semanas pela PF, que investiga uma suposta tentativa de “viabilizar e legitimar uma intervenção militar” no Brasil. O ex-presidente teve o passaporte apreendido e foi proibido de se comunicar com os demais investigados, incluindo ex-assessores diretos e militares que integraram o alto escalão do governo. Foram cumpridas 48 medidas cautelares na operação, quatro delas de prisão preventiva.