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Debate do Futuro é marcado por propostas e conflitos entre candidatos à Prefeitura

Mais uma vez, o encontro entre os candidatos teve como marca registrada a falta de participação de postulantes ao cargo

Escrito por
Rhyvia Araujo
September 17, 2024
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Foto: Diário da Capital

Os candidatos à prefeitura de Manaus se reencontraram, desta vez, no Debate do Futuro realizado neste último domingo (15). Mas, se o eleitor contava com a presença de David Almeida, do Avante, e de Roberto Cidade, do União Brasil, a decepção foi evidente.

Isso porque, mais uma vez, o encontro entre os candidatos teve como marca registrada a falta de participação de postulantes ao cargo. Apesar disso, o debate foi marcado pela apresentação de propostas e confrontos acirrados sobre temas como saúde, segurança, educação e meio ambiente. Estiveram presentes: Amom Mandel (Cidadania), Capitão Alberto Neto (PL), Gilberto Vasconcelos (PSTU), Marcelo Ramos (PT) e Wilker Barreto (Cidadania).

O evento foi transmitido pelo Instagram da jornalista Cynthia Blink, no YouTube do portal Diário da Capital e pela Rádio Mix 100.7 FM. Confira agora os melhores momento:

Saúde: Ampliação e Controle

Em momentos distintos do debate, Gilberto Vasconcelos e Marcelo Ramos foram enfáticos ao abordar soluções para a saúde do município. Vasconcelos propôs a ampliação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a formação de equipes multidisciplinares que, segundo ele, já estão montadas, mas não funcionam. A solução, segundo o candidato, seria um plano de cargos, carreira e salários, e o controle da saúde por meio de conselhos populares, permitindo à população uma maior participação no funcionamento dos serviços.

“Agora nós sabemos que vamos ter que enfrentar uma série de obstáculos, porque por dentro do mecanismo que faz funcionar a saúde em Manaus existe um processo de privatização muito grande. Nós vamos ter que lutar para que a Saúde seja controlada pela população. Temos a proposta que seja controlar por meio de conselhos populares. Que por meio desses conselhos, a população possa controlar o funcionamento”, afirmou Vasconcelos.

Já Marcelo Ramos prometeu a ampliação do horário das UBSs e a construção do primeiro hospital municipal para idosos. “Nós vamos primeiro garantir os guardas municipais na porta das UBS’s, para que a gente possa estender o horário das UBS’s. A UBS não pode fechar às 17 horas. Nós vamos também voltar a visita domiciliar do médico da família. E nós também vamos construir o primeiro hospital municipal do idoso.”

Ramos também aproveitou o momento para criticar o governador Wilson Lima e Roberto Cidade. “Eu vejo o candidato do governador propondo que vai fazer não sei quantas UPAS e construir um hospital, o que ele não diz é que o governador dele, em seis anos de mandato, não construiu nenhuma unidade de saúde em nenhum dos 62 municípios”, reforçou o candidato do PT. 

Segurança, compra de votos e transparência

Quanto à segurança, Alberto Neto diz que em seu governo irá incluir a instalação de câmeras de reconhecimento facial em ônibus e a implementação de GPS em todos os ônibus de Manaus.

“Manaus tá com medo de andar de ônibus nesta cidade. Nós vamos colocar câmeras de reconhecimento facial para que quando, por exemplo, um foragido da justiça entrar no ônibus, a câmera vai fazer o reconhecimento e vai informar o sistema de segurança pública para viatura mais próxima fazer a abordagem para a cadeia. Todos os ônibus vão ter GPS, isso vai facilitar com que você controle seu ônibus e a polícia também vai controlar, caso aconteça, o botão do pânico vai acionar a viatura mais próxima e a abordagem vai ser imediata. Eu conheço bandido, eu sei enfrentar bandido, os criminosos não vão mais roubar os ônibus”, afirmou o candidato do PL.

Quanto à compra de votos, Amom Mandel levantou preocupações sobre a integridade dos processos eleitorais e o uso da máquina pública para campanhas. Apesar de não citar nomes, Mandel condenou a prática de compra de votos e o uso de comissionados em campanhas, um problema que, segundo ele, compromete a legitimidade do processo eleitoral.

“Eu sou contra a compra de votos. Na minha caminhada como candidato a prefeito de Manaus, tenho visto, no meu dia a dia, várias lideranças bandeirando para candidatos, sem prestar contas no sistema da Justiça Eleitoral. Isso cheira à compra de votos”, afirmou Mandel.

O candidato Alberto Neto complementou as acusações apontando que candidatos ligados a Wilson Lima e a David Almeida são quem estariam envolvidos neste episódio.

“Eu sei que o atual prefeito está usando a máquina, colocando comissionados e funcionários para irem às ruas bandeirar. A marionete do governador está colocando todas as secretarias nos fins de semana, bandeirando, obrigando os comissionados a fazer isso. Isso é um rompimento da democracia”, enfatizou Alberto Neto.

Valorização de professores e escolas cívico-militares

Wilker Barreto defendeu um modelo de gestão escolar baseado na participação direta de pais e professores.

“Nós vamos implementar o que já tem em Santa Catarina, quem elege o diretor são os pais, os professores, é a escola. E com isso tirando toda essa pressão política que atrapalha hoje a educação no município de Manaus”, garante Barreto.

Alberto Neto, por sua vez, idealiza a implementação de escolas cívico-militares, especialmente nas áreas periféricas, para combater o tráfico de drogas e a violência nas escolas. “Nós vamos implementar as escolas cívico-militares, principalmente na periferia, que está sendo tomada pelo tráfico de drogas e os professores estão com medo de dar aula nesses lugares. Nós vamos levar disciplina, o amor aos ritos e a nossa pátria”, disse Neto.

O candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, foi criticado por Gilberto Vasconcelos, que considerou essas escolas como instrumentos de autoritarismo e questionou a necessidade de regras rígidas e disciplina excessiva.

“As escolas cívico-militares têm sido instrumentos de autoritarismo na educação, ela seleciona os alunos que vão entrar, não entra todos os alunos da comunidade, só entra aqueles selecionados. Os alunos são obrigados a cortar o cabelo, a ter uma disciplina que não é adequada. Na verdade, impõe-se um modo de vida para esses estudantes”, rebateu o candidato do PSTU.

Impostos e transparência

O tema dos impostos também gerou comentários entre os candidatos. Amom Mandel se opôs ao aumento de impostos e prometeu revogar o aumento do IPTU implementado pela atual gestão.

“Eu sou totalmente contra o aumento de impostos na cidade de Manaus. Por isso a nossa política é que desde o primeiro dia de gestão, a gente revogue esse aumento ilegal e imoral do IPTU, que foi feito de maneira disfarçada pelo prefeito David Almeida”.

Na mesma linha, Alberto Neto afirmou que, caso eleito, não haverá aumento de impostos e que incentivos tributários serão usados para revitalizar áreas da cidade. “Nós não vamos aumentar nenhum imposto na cidade, muito pelo contrário, nós vamos utilizar incentivos tributários, por exemplo, para revitalizar o Centro. Vários prédios abandonados. O Centro, hoje, paga o dobro do IPTU do Parque 10”, disse Alberto Neto.

Marcelo Ramos também garante que seu plano não inclui aumento de impostos, mas criticou a atual gestão por ter elevado impostos. “Eu não vou aumentar imposto nenhum, sem aumentar imposto o orçamento de Manaus cresce quase todo ano 10%”.

Meio Ambiente: crise na sustentabilidade

Gilberto Vasconcelos falou sobre a importância da participação popular e práticas sustentáveis e considerou como “absurdo” a falta de um plano de prevenção de queimadas. “A população precisa ter o controle sobre a cidade. Todos esses exemplos de corrupção denunciados todos os dias, são frutos de uma administração que governa de cima pra baixo sem consultar o povo. A questão do meio ambiente é necessário que se faça a coleta seletiva do lixo, que se faça reciclagem, reutilização e aquele resíduo seja decomposto (…) É um absurdo o que acontece na cidade, não tem plano de prevenção de queimadas, prevenção de desbarrancamentos que acontece todas as vezes que tem chuva, então Manaus é um caos nessa situação”, afirmou Vasconcelos.

Wilker Barreto, por sua vez, criticou a gestão atual por sua falta de ação em questões ambientais e prometeu uma abordagem mais sustentável, caso eleito. “Nós temos uma proposta, Manaus Sustentável, no nosso governo lixo será tratado como riqueza. Manaus com Wilker Barreto não permitirá a instalação de medidores aéreos, se isso avançar não existe política municipal de arborização. O prefeito hoje sequer abriu uma nota contra a Amazonas Energia, que manda na cidade, mas não é a prefeitura que defende seu povo”, disse Barreto.

Momento inusitado

O debate ainda foi marcado por um momento inusitado e ganhou um toque de polêmica quando o candidato Roberto Cidade foi flagrado assistindo à transmissão ao vivo do evento em vez de comparecer pessoalmente. Essa ausência não passou despercebida e gerou comentários críticos de adversários.

“O candidato do governador Wilson, não se deu o trabalho de vir aqui, mas está assistindo ao debate de casa com o celular. Você acha isso correto? Nós íamos mostrar quem ele é e ele acabou fugindo. Parece que ele tem medo de se expor ao confronto direto”, disse Amom Mandel.

Alberto Neto também se dirigiu a Roberto Cidade, questionando a ausência e aproveitando para criticar sua postura em relação às questões econômicas.

“Roberto Cidade, que está assistindo a live neste momento: Roberto, aproveite e grave uma live explicando à população por que o IPVA, a conta de luz e a gasolina ficaram mais caras? O presidente da Assembleia votou a favor do aumento do ICMS e do IPVA, e seria importante que você esclarecesse essas questões”.

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