Embora os familiares do prefeito de Manaus estejam na lista de convocados na ‘CPI dos Contratos’, David Almeida (Avante) será o único que não irá depor. O Diário da Capital apurou que os vereadores Eduardo Alfaia (Avante), Mitoso (MDB) e Daniel Vasconcelos (Republicanos), aliados de Almeida, foram os responsáveis por impedir a convocação do prefeito.
A presença de David Almeida foi colocada em votação, no entanto Alfaia, Mitoso e Vasconcelos votaram contra o requerimento de autoria do relator da CPI, vereador Rodrigo Guedes (PP).
“Eu e Lissandro (presidente da CPI) votamos a favor, {mas} eles acharam que ainda não é o momento”, respondeu Guedes ao Diário da Capital.
ENTENDA O CASO
Os membros da Comissão, nesta quarta-feira (20) aprovaram os convites aos envolvidos no caso, além de requerimentos que permitem a coleta de documentos, como contratos e notas fiscais. Sob investigação da ‘CPI dos Contratos’, os parentes de David Almeida — a noiva Izabelle Fontenelle, a sogra Lidiane Fontenelle e o genro Gabriel Alexandre — estão entre os convocados a prestar esclarecimentos sobre os pagamentos multimilionários recebidos de empresas que possuem contratos com a Prefeitura de Manaus.
Também há uma lista de empresas que terão seus sócios-proprietários convidados para depor nas oitivas que devem ser realizadas nas próximas semanas. Na relação de empresas aprovadas em votação para serem convidadas estão: DNA Digital; Banzeiro Comunicações, Soluções Contabilidade, Rio Negro Motors, Ouro Preto Conservação, The Set Filmes, IMarketing, Construtora Rio Piorini, SKy Line Produçãs – Mene Portella, Avancard, Thera Publicidade, D7 Filmes, Leo Rent a Car e Murb.
Além dos familiares e empresários, a secretária de Educação e irmã do prefeito, Dulce Almeida, e a secretária de Comunicação, Camila Silva, devem ser convocadas para também esclarecer os pagamentos feitos às empresas que terceirizaram serviços com familiares do prefeito.
“O prazo de respostas desses ofícios é de 48 horas. A CPI trata de um fato específico, pagamentos de empresas contratadas, que tem dentro do seu quadro societário pessoas ligadas à prefeitura de Manaus. Importante frisar que temos empresas que foram fundadas, nunca tiveram histórico comercial e no outro mês já passaram a receber nota. É preciso investigar por que esses contratos foram firmados, qual é o serviço que foi exercido, se houve influência política dessas empresas que prestam serviço, tendo em vista o valor virtuoso. Tem empresa com R$ 40 milhões de contratos, tem empresa que recebeu R$ 14 milhões do Fundeb, depois recebeu R$ 25 milhões do Fundeb e agora fechou um contrato de R$ 50 milhões. Os montantes são muito altos, a gente precisa verificar isso. Trata-se de um sistema que tá em toda a prefeitura”, disse Lissandro Breval, presidente da CPI.
A próxima reunião da CPI está marcada para quarta-feira, (25), às 15h. Os vereadores planejam analisar as respostas recebidas e, se necessário, buscar apoio do Tribunal de Contas e do Ministério Público para assegurar a legalidade do processo.
“Eu não tenho acesso (a esses contratos), porque agora que a gente vai tá emitindo a requisição de informações. Temos os nomes. O que a gente tem são as informações da imprensa, o que saiu em diversos noticiários. No caso de uma não resposta, nós vamos ter que acionar a Justiça. A única coisa que a gente teve um cuidado é de simplesmente não fazer uma oitiva sem antes ver os elementos de prova, que são documentos, não fazer somente com base no que saiu na imprensa. Para ver o que tem nas notas fiscais. Para ter a base de documentos. Se não responderem, a reunião de quarta-feira pode até perder um pouco de objeto, mas aí a gente já determina que esses documentos sejam requisitados via judicial, a gente vai entrar na Justiça para que eles nos forneçam os documentos”, disse Guedes à reportagem.
Até o momento, a prefeitura de Manaus não se manifestou oficialmente sobre as acusações e não respondeu às solicitações da reportagem.