O Amazonas registrou crescimento nos últimos dez anos no total de mulheres à frente dos lares no estado. É o que mostra o “Censo Demográfico 2022: Composição domiciliar”, divulgado hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estado superou o percentual registrado em 2010, que era de 39,8% de mulheres responsáveis por unidades domésticas. Em 2022, essa proporção alcançou 50,0%, o que representa um crescimento de 25,65% na última década.
No ranking dos estados, o Amazonas ocupa a 11ª posição, ficando à frente do Distrito Federal (49,5%), Rio Grande do Norte (49,3%) e do estado de São Paulo (49,2%).
Em 10 estados, esse percentual é maior que 50%: Pernambuco (53,9%), Sergipe (53,1%), Maranhão (53,0%), Amapá (52,9%), Ceará (52,6%), Rio de Janeiro (52,3%), Alagoas e Paraíba (51,7%), Bahia (51,0%) e Piauí (50,4%).
“Os dados do Censo mostram que a maior parte dessas unidades da federação estão concentradas na Região Nordeste do país. Por outro lado, os menores percentuais são encontrados em Rondônia, com 44,3%, e em Santa Catarina, com 44,6%. Percebe-se, de forma geral, que as unidades da federação acompanharam o movimento do país com aumento da proporção de unidades domésticas com responsáveis do sexo feminino”, aponta a analista da divulgação, Luciene Longo.
Segundo Carlos Santiago, cientista social e analista político, o crescimento das mulheres responsáveis por unidades domésticas pode ser atribuído a fatores sociais e econômicos do Brasil. Para ele, num retrospecto da última década, o país atravessou a pior crise econômica do século XXI, onde as mulheres – por interesse próprio e, também, por necessidade – vêm ocupando cada vez mais espaços no mercado de trabalho e conquistando avanços na educação.
“O que o IBGE aponta é reflexo da situação social e econômica que o Brasil passou e está passando, que envolve uma crise econômica e a busca pelo espaço no mercado de trabalho, com voz ativa da mulher dentro do domicílio. E também por que as mulheres avançaram em termos educacionais, com ensino superior, formação profissional e qualificação. E essa tendência não tem mais retorno. As mulheres estão ocupando cada vez mais seus espaços […] e ainda falta avançar – e muito – nos espaços de decisões políticas. Esse é um grande desafio.”, destaca o sociólogo.
Apesar dos homens ainda serem maioria entre as pessoas responsáveis por domicílio no Brasil, com um total de 37 milhões (50,9%), a crescente feminina quase equiparou os números, com 36 milhões (49,1%) de mulheres responsáveis no país. O avanço é significativo se comparado a 2010, quando o percentual de homens (61,3%) era expressivamente maior que o de mulheres (38,7%).
As unidades domésticas foram classificadas em quatro espécies: nuclear, unipessoal, estendida e composta. A mais frequente em 2022 era a nuclear, com 64,1% do total, seguida pela unipessoal (18,9%), estendida (15,4%) e composta (1,5%). Em 2010, esses percentuais foram, respectivamente, de 66,3%, 12,2%, 19,1% e 2,5%.
Classificação por cor ou raça
De acordo com o Censo 2022, o Amazonas é o estado com maior percentual de pessoas pardas responsáveis por unidades domésticas (70,2%) e o segundo maior com percentual de pessoas indígenas responsáveis (5,7%). Neste último, o estado fica atrás apenas de Roraima (10,2%), também na região Norte.
Pela primeira vez, em 2022, a proporção de pardos como responsáveis por unidades domésticas no país (43,8%) superou o total de pessoas de cor ou raça branca (43,5%). Em 2010, os percentuais eram de 40,0% e 49,4%, respectivamente.
A proporção de pessoas pretas a nível nacional subiu de 9,0% para 11,7% e a de indígenas variou de 0,4% para 0,5%. Por outro lado, a proporção de pessoas amarelas responsáveis pelas unidades caiu de 1,2% em 2010 para 0,5% em 2022.
O gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, Márcio Mitsuo Minamiguchi, avaliou que os dados de distribuição de raça ou cor representam muito sobre o contexto do total da população.
“Se a gente observar a composição dos estados por raça/cor vai estar bem representado também no perfil das pessoas responsáveis. […] Com os estados do Sul, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, com os maiores percentuais de brancos e os maiores percentuais de pardos, principalmente, nos estados do Norte e Nordeste do país. Com destaque para o percentual de pretos na Bahia e no caso dos indígenas em Roraima, Amazonas e Mato Grosso do Sul.”, destaca o pesquisador.
Mesmo sexo
Entre os avanços percebidos no Censo 2022, também está o crescimento do percentual de unidades domésticas com pessoa responsável e cônjuge do mesmo sexo. Em 2010, a proporção era de 0,10%, enquanto 2022 registra 0,54%.
Os maiores percentuais estão no Distrito Federal (0,76%), Rio de Janeiro (0,73%) e São Paulo (0,67%). O Amazonas ocupa a 9ª posição no ranking, com 0,53%.
Composição familiar
Outro destaque dentro da composição familiar avaliada pelo Censo 2022 foi a crescente do percentual de unidades domésticas sem filhos(as), registrando 20,2%. Em 2010, a proporção era de 16,1%.
Domicílios com filhos de ambos aponta 30,7%; com pelo menos um filho somente do responsável ou do cônjuge registra 7,2%; domicílios com responsável sem cônjuge com filho(s) marcam 16,5%; e demais domicílios 25,5%.
Unidades domésticas
Segundo o IBGE, o termo “unidade doméstica” é a denominação que se dá ao conjunto de pessoas que vivem em um domicílio particular, cuja constituição se baseia em arranjos feitos pela pessoa, individualmente ou em grupos, para garantir para ela mesma alimentação e outros bens essenciais para sua existência.
Sua formação se dá a partir da relação de parentesco ou convivência com o responsável pela unidade doméstica, assim indicado e reconhecido pelos demais membros da referida unidade como tal.
Foi elaborada uma classificação de unidades domésticas em espécies, que podem ser:
- Unipessoais – aquelas com apenas um morador;
- Nucleares – aquelas que possuem somente um casal, ou somente um casal com filho(s), ou somente uma pessoa com filho(s), sem a presença de nenhum outro membro;
- Estendidas – aquelas onde existe a presença de algum outro parente (ex: neto(a), avô ou avó, genro ou nora);
- Compostas – aquelas onde existe a presença de algum não parente (ex: agregado, convivente, pensionista).
A análise da composição domiciliar inclui caracterizar a pessoa responsável pelo domicílio, segundo a idade, cor ou raça, bem como a presença de cônjuge e de filho(s).
Com informações da Agência IBGE.