Cotado para assumir a Secretaria de Estado de Cultura (SEC), o ex-vereador Caio André (UB), afastou a possibilidade de comandar a pasta. “É difícil falar de algo que não aconteceu”, disse o político ao ser questionado pelo Diário da Capital. Nas últimas horas, artistas e produtores culturais se colocaram contra a possível nomeação de Caio André, temendo que o ato se transforme em barganha política.
Em entrevista ao Diário da Capital, Caio André afirmou “não ter nada confirmado” e que, caso venha a ser nomeado, se comprometeria a dar declarações sobre o assunto. “É difícil falar de algo que não aconteceu, se realmente eu for nomeado tu podes entrar em contato comigo que eu vou dar todas as declarações que tu quiseres, mas eu não fico falando sobre o ‘sexo dos anjos’, não tem nada confirmado”, garantiu o aliado de Wilson Lima.
Caio André reforçou ainda não saber de onde surgiram os rumores que apontam para uma possível substituição do secretário em exercício de Cultura e Economia Criativa, Candido Jeremias.
“O governador não falou pra ninguém isso, pra nenhum repórter, não sei da onde começou a surgir essas coisas. Não que não vá acontecer, mas eu não falo sobre especulações”, declarou o político.
Artistas se manifestam
Embora a nomeação não tenha sido oficializada pelo governador Wilson Lima (UB) e não constar no Diário Oficial do Estado, a possibilidade de Caio André assumir a secretaria gerou rejeição entre artistas e organizações culturais.
O receio é que a indicação do ex-vereador possa significar um retrocesso para o setor cultural.
Em meio a esse cenário, uma carta aberta redigida por artistas, produtores culturais e profissionais do setor levanta preocupações sobre a politização da pasta e o impacto da escolha de Wilson Lima para o desenvolvimento cultural local.
O documento repudia qualquer tentativa de transformar a Secretaria de Cultura em um instrumento de barganha política. “A cultura, enquanto setor estratégico para o desenvolvimento social e econômico, não pode ser gerida por figuras alheias às suas demandas e complexidades”, afirma a carta, destacando que a pasta deve ser liderada por profissionais com experiência e compromisso com a promoção das expressões artísticas locais.

A carta também destaca o papel fundamental da cultura como motor econômico, gerando empregos, movimentando cadeias produtivas e transformando realidades sociais. “Entregá-la a interesses político-partidários é não apenas um retrocesso, mas um desrespeito à importância estratégica do setor para o desenvolvimento sustentável do Amazonas”, diz trecho da carta.
Entre os artistas que assinaram a carta, o produtor cultural Jander Manauara, em entrevista ao Diário da Capital, expressou preocupação com a falta de conexão de Caio André com o setor cultural. “No passo mais importante para a cultura, que é a escolha do secretário, você coloca alguém que não é de nenhum segmento, não é ator, não é atriz, não é do audiovisual, não vem da dança. Isso, sim, é um retrocesso”, afirmou Jander em entrevista.

Ele defende que a SEC seja conduzida por um nome que tenha experiência prática na área e compromisso com os artistas locais. “Isso precisa ser gerido com seriedade, entendendo que estamos em um movimento cultural importante, com a COP se aproximando, e precisamos de braços fortes para garantir essa representação, primeiramente com um sentimento de pertencimento local. Precisamos de um secretário ou secretária que tenha um diálogo aberto e que venha de um movimento ou segmento cultural, que seja, de fato, um gestor ou gestora de cultura do Estado do Amazonas”, completou o produtor cultural.