O governo brasileiro decidiu não renovar o acordo com a Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados de Extinção (ACTP), firmado há cinco anos, para a conservação da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii). Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a medida não interromperá a reintrodução das aves na Caatinga, mas pode ter outros impactos socioambientais.
A parceria, iniciada em junho de 2019, permitiu a transferência de aves da Alemanha para unidades de conservação no Brasil. Desde a soltura inicial em 2022, parte das aves foi predada, e não houve novas reintroduções nos anos seguintes. Marcelo Marcelino de Oliveira, diretor de Pesquisa do ICMBio, afirmou que, embora o programa de reintrodução possa sofrer atrasos, há aves suficientes em outros criadouros para manter os esforços de conservação.
A ACTP, que abriga uma grande população de ararinhas-azuis na Alemanha, continuará dedicada à conservação da espécie, conforme declarado por Martin Guth, presidente da entidade. No entanto, a transferência de aves para a Índia em 2023 sem prévia consulta ao ICMBio foi um dos motivos para a não renovação do acordo, segundo Luís Fábio Silveira, doutor em Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (USP).
Silveira e outros especialistas destacam que a reintrodução das ararinhas-azuis já mostrou sinais de sucesso, com aves reintroduzidas procriando na natureza. A BlueSky, parceira da ACTP no Brasil, alerta que o fim do acordo pode ameaçar a reintrodução e os projetos de recuperação ambiental e geração de renda para as comunidades locais na Caatinga.
Apesar da não renovação formal do acordo, outras formas de apoio à conservação da ararinha-azul continuam possíveis. A Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) regula a movimentação internacional das aves, e o Brasil segue essas regras desde 1975.