A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) informou na última terça-feira (22) que vai atuar para combater a venda de suplementos nutricionais adulterados. Segundo o órgão, vendedores e plataformas digitais que comercializam esses produtos deverão prestar esclarecimentos.
“Produtos como a creatina, que são amplamente consumidos, apresentam níveis muito abaixo do indicado, chegando até a 0% em alguns casos. Esse cenário é alarmante”, informou o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri), Marcelo Bella, em nota divulgada pela Senacon. Ele compartilhou com a Senacon as recentes análises que detectaram irregularidades no mercado de suplementos.
A medida ocorre após reunião do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP), vinculado à Senacon, com a nova diretoria do Conselho Federal de Nutrição (CFN) e com Abenutri, para pedir informações e identificar suplementos nutricionais adulterados.
No começo do mês, a Abenutri divulgou a lista de 18 marcas de creatina comercializadas no mercado e que foram reprovadas em análise da associação.
Na avaliação da Senacon, a comercialização de produtos adulterados representa uma séria ameaça à saúde pública e ao direito dos consumidores.
Marcas reprovadas
De acordo com o laudo deste ano da Abenutri, 18 marcas de creatina comercializadas no mercado foram reprovadas, conforme divulgado no dia 10 de outubro pela entidade. Na comparação com 2023, desta vez, 21% das marcas reprovadas anteriormente foram aprovadas nesta edição da análise.
O estudo da associação comparou as informações constantes no rótulo dos produtos com o respectivo conteúdo das suas embalagens. No total, foram 88 produtos verificados.
Veja aqui a lista de marcas reprovadas pela Abenutri.
O dado mais interessante do laudo foi a constatação de que dez marcas, fabricadas por quatro empresas, não continham nenhuma grama de creatina no produto. Nesta situação, uma empresa fabrica sozinha cinco das dez marcas reprovadas.
Conforme a legislação, é permitida uma variação de até 20% entre a indicação da quantidade de creatina e sua presença efetiva no produto comercializado.
Com tal critério – presença ou não de creatina no produto comercializado -, o laudo é dividido em cinco categorias: de 0% a 5%, 5,1% a 10%, 10,1% a 20%, -100% e -21% a 99%.
No primeiro caso (0% a 5%) foram 48 marcas aprovadas. Nas categorias seguintes (5,1% a 10% e 10,1% a 20%) foram 13 marcas aprovadas.
Os fabricantes entraram com medidas judiciais contra a divulgação dos resultados.
Resposta das marcas
Em nota, o Grupo Supley afirmou que realiza análises rotineiras de todos os produtos e marcas fabricados pela empresa, sem qualquer registro de inconformidade.
“A companhia – que está associada à Brasnutri, entidade que reúne mais de 40 empresas – adota as melhores práticas para garantir o padrão de qualidade, alguns deles inclusive com selo Creapure, e reforça seu compromisso com o direito do consumidor e a legislação vigente, trazendo total transparência em seus rótulos”, afirmou.
O grupo disse ainda que optou pela medida judicial contra as divulgações organizadas pela Abenutri visto que a “referida associação tem uma postura controversa diante do mercado e um histórico de avaliações que não seguem os padrões técnico-científicos estabelecidos pelos órgãos competentes”.
Já a associação informou, também por meio de nota, que “recorrerá da decisão de primeira instância divulgada pelo grupo Supley de forma prematura, e permanece confiante de que o Tribunal de Justiça de São Paulo reverterá eventual condenação equivocada.”
Veja a nota de esclarecimento na íntegra.
Com informações da Agência Brasil.