Nos últimos dias, o Amazonas FC teve o desrespeito de anunciar um jogador que responde na justiça um processo por agressão física a uma mulher. Óbvio que não vou falar o nome dele porque o palco maior aqui é o caso em si. Na época da acusação contra o jogador, feito pela vítima com fotos e prints, o clube divulgou uma nota para defender que ele não fazia mais parte da equipe e que eles repudiavam “qualquer agressão as mulheres”, abaixo a nota da época:

Cerca de 10 meses depois do fato, enquanto o referido jogador não conseguia se empregar como deveria, o Amazonas resolve estender a mão para o cidadão. Bom, até aí nada de novidade vindo do universo do futebol que prefere normalizar essas atitudes, alguns clubes na verdade. Acontece que desde o anúncio, eu só tive acesso a UMA MULHER noticiando o fato com a notícia como ela deveria ser: EVIDENCIANDO O QUE ELE FEZ. Enquanto as redações, dominadas por muitos homens, pincelou o fato e optou em coloca-lo como “é campeão da série C”.
Aos machistas que vão ler isso aqui, devem pensar “mas Larissa, é isso que o cara é, campeão. Deixa ele jogar”, como eu já recebi.
A partir do momento que um homem tem no currículo um histórico de agressão contra uma mulher, pouco nos importa o que ele conquistou. Porque antes de títulos, você precisa ser um ser humano decente. E esse cidadão, já demonstrou que não é. Eu consegui acesso a informações da situação do processo, não tenho detalhes porque corre em segredo de justiça, mas sei que ele não respondeu a nenhuma das intimações que foram encaminhadas.
Na transmissão do jogo entre Paysandu x Amazonas, a repórter da TV Brasil era uma mulher. A mesma noticiou o fato, logo após a bancada masculina citar os reservas. Ela, MULHER, pontuou o fato e noticiou. Somente MULHER entende o peso da informação.
O Amazonas passou um recado que é hipócrita e que assina onde tem interesse, pouco importa se a pessoa pode e deve servir para fazer parte da identidade que o clube quer construir. Como mulher, me sinto invadida toda vez que tem esse tipo de pauta. Me sinto violada e desrespeitada, pois eles virão me atacar.
Olha esse exemplo aqui:

Entendem a necessidade de temos mulheres nos seus espaços de fala? Porque a gente vai inserir o assunto, vai deixar desconfortável e desesperados muitos homens. Essa é a questão. Não tem mais cabimento normalizarem isso. É óbvio que os amigos e familiares do referido jogador vão defender, mas só conseguem defender se for atacando, ou seja ignorando a situação.
Pessoal, eu falei desse caso aqui na minha coluna em novembro do ano passado. No dia 13 de Novembro:
Então, sim. Estou decepcionada com o Amazonas e não, não irei normalizar.
“Ah, Larissa. Tu sabe como é”. Sei e quero ignorar, vou ignorar.
Esse assunto mexe com todas as mulheres. Eu fico extremamente com meus nervos trêmulos. Nunca fui vítima de agressão, mas antes do fato por muitas vezes tive acesso a esse jogador, ele ficou perto. E claro que dá medo. E se dá medo, está errado a sensação que esse cara consegue impor. Eu espero que a moça consiga o que ela quer e merece: justiça.
E ao empresário do jogador que teve a audácia de me procurar pra eu ajudar a “limpar” a barra dele, meu desprezo. São por causa de homens gananciosos assim, que dentro do futebol se normaliza gente desse tipo empregada. Feio pro Amazonas, uma instituição na série B, aceitar esse tipo de conduta.