<p>O 5G chega ao Brasil nesta quarta-feira (6). Brasília é a primeira cidade do país a contar com a versão "pura" da tecnologia, que oferece mais velocidade. Até então, estava disponível somente o 5G DSS, versão mais limitada que é uma espécie de transição entre a quarta e a quinta geração da rede. </p>
<p>A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) diz que São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa receberão a tecnologia em uma segunda etapa, mas ainda não há uma data definida. O prazo para todas as capitais brasileiras receberem o 5G é 29 de setembro de 2022. </p>
<p>Inicialmente, as capitais receberiam a nova geração de internet móvel até 31 de julho, mas dificuldades logísticas na importação de equipamentos fizeram a Anatel estender o prazo para setembro. A previsão é de o 5G chegará a todas as cidades no Brasil até dezembro de 2029. </p>
<p>A quinta geração de internet móvel promete uma revolução: conexão com velocidade ultrarrápida, avanços de tecnologias como carros que dirigem sozinhos e a possibilidade de ligar muitos objetos à internet ao mesmo tempo. </p>
<p>Mas qual o cronograma para a chegada do 5G em todo o Brasil? Vai precisar trocar de celular? O quanto o 5G é melhor do que o 4G?</p>
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<h2>O que é o 5G?</h2>
<p>É a nova geração de internet móvel, uma evolução da conexão 4G atual. </p>
<p>A promessa é que ela trará mais velocidade para baixar e enviar arquivos, reduzirá o tempo de resposta entre diferentes dispositivos e tornará as conexões mais estáveis.</p>
<p>Essa evolução da rede vai permitir conectar muitos objetos à internet ao mesmo tempo: celular, carro, semáforo, relógio. Tudo isso já pode ser ligado ao 4G, mas é esperada uma melhoria na conexão.</p>
<h2>O que significa Mbps, Gbps, MHz e GHz?</h2>
<ul><li><strong>Hz</strong>: hertz, é a unidade de medida de frequência de ondas e equivale a um ciclo por segundo.</li><li><strong>MHz</strong>: megahertz, representa 1 milhão de hertz (1 milhão de ciclos por segundo).</li><li><strong>GHz</strong>: gigahertz, representa 1 bilhão de hertz (1 bilhão de ciclos por segundo).</li><li><strong>Bps</strong>: bits por segundo, é a menor unidade medida de transmissão de dados por segundo.</li><li><strong>Mbps</strong>: megabits por segundo, representa 1 milhão de bits por segundo.</li><li><strong>Gbps</strong>: gigabits por segundo, representa 1 bilhão de bits por segundo.</li></ul>
<h2>O quanto ele é melhor que o 4G (na prática)?</h2>
<p>A média da velocidade 4G no Brasil entre as quatro maiores operadoras é de 17,1 Mbps(megabits por segundo), de acordo com um relatório da consultoria OpenSignal de maio de 2021.</p>
<p>O valor pode variar de região para região, da operadora utilizada e até mesmo do horário em que uma pessoa acessa a rede. </p>
<p>Uma conexão 4G com excelente performance chega a próximo 100 Mbps, segundo Leonardo Capdeville, chefe de inovação tecnológica da TIM. </p>
<blockquote class="wp-block-quote"><p>"Se fizermos uma analogia com o mundo real, 100 vezes mais rápido é a diferença de velocidade entre um ciclista de alta performance e um caça de guerra", afirmou Capdeville.</p></blockquote>
<p>O 5G, por sua vez, pode chegar à velocidade entre 1 e 10 Gbps – uma diferença de 100 vezes ou mais em relação ao 4G. </p>
<p>Nem sempre o 5G vai atingir as velocidades absolutas, mas a melhora pode ser significativa.</p>
<p>Essa diferença diz respeito somente à velocidade. Mas o 5G também promete baixa latência, ou seja, um tempo mínimo de resposta entre um aparelho e os servidores de internet – aquele "delay" que acontece em ligações em vídeo, quando é preciso esperar uns segundos até que a pessoa do outro lado veja e ouça o que falamos. </p>
<p>"No 4G, quando é muito boa a latência, ela é de 50 a 70 milissegundos. No 5G, pode ficar de 1 a 5 milissegundos. Estamos falando em reduzir numa ordem de 10 vezes o tempo que uma informação leva para percorrer a rede", disse Capdeville. </p>
<p>Outra característica do 5G que difere das gerações de rede anteriores é que ele poderá lidar com muito mais dispositivos ligados ao mesmo tempo. A conexão também será mais confiável, pois um aparelho vai poder se conectar com mais de uma antena ao mesmo tempo. </p>
<h2>O que o 5G vai permitir?</h2>
<p>Essas melhorias de velocidade, tempo de resposta e confiança na rede prometem abrir um leque de aplicações, segundo especialistas. </p>
<p>Tecnologias como os carros autônomos e a telemedicina devem avançar com o 5G, bem como a chamada "indústria 4.0" com toda a linha de produção automatizada. Cirurgias feitas remotamente, por exemplo, serão mais confiáveis quando a rede oferecer um tempo de resposta mínimo. </p>
<p>Wilson Cardoso, membro do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e diretor de soluções da Nokia na América Latina, lembra de usos da internet que passaram a ser possíveis com o 4G e faz um paralelo com a novidade. </p>
<p>"Não tínhamos Uber no 3G porque não as características que o Uber pede, de localização, de velocidade, não estavam disponíveis. Essas aplicações surgiram com as redes 4G espalhadas. Quando tivermos o 5G espalhadas, teremos sensores e novas aplicações", afirmou. </p>
<p>É o caso dos carros autônomos. Eles já existem, mas o tempo de resposta do 4G ainda não é veloz o suficiente para evitar acidentes em situações extremas, além de não suportar tantos dispositivos conectados ao mesmo tempo. </p>
<p>O 5G também pode revolucionar o próprio smartphone, já que as altas velocidades permitiriam que muito do processamento de tarefas deixe de acontecer no chip do aparelho e passe a ser na nuvem, pegando emprestado a potência dos computadores. O mesmo pode acontecer com acessórios médicos, como pulseiras e relógios conectados.</p>
<blockquote class="wp-block-quote"><p>Em termos práticos e do dia a dia, as videochamadas devem se tornar mais claras, a experiência de jogos on-line também deve ser aprimorada, as transmissões de vídeo ao vivo devem travar menos e perder sinal em meio a uma multidão não deve mais acontecer.</p></blockquote>
<h2>Quando ele chegará ao Brasil? </h2>
<p>Brasília é a primeira cidade a receber a quinta geração. Mas para que todo o país tenha o 5G ainda vai levar um tempo. </p>
<p>Primeiro ele chega às capitais, mas não cobre toda a cidade de uma vez: em Brasília, por exemplo, a cobertura começa com 80% da área. </p>
<p>A expectativa de fontes ligadas ao setor ouvidas pelo <strong>g1</strong> em 2021 era de que ainda levará de 2 a 4 anos, depois do leilão de frequências, que aconteceu em novembro daquele ano, para que o 5G esteja efetivamente disponível em diversos bairros das maiores cidades do país. </p>
<p>Como apontou o ministro do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedra, em setembro último, o 5G vai exigir muito mais antenasdo que o previsto no edital do leilão para entregar todo o seu potencial. Por isso, o serviço ficaria restrito a uma pequena área das capitais num primeiro momento. </p>
<p>No edital do leilão, estava previsto que o 5G deveria funcionar nas 26 capitais do Brasil, além do Distrito Federal, em julho de 2022. </p>
<blockquote class="wp-block-quote"><p>"(...) a implantação do 5G em julho de 2022 seria apenas para inglês ver, sem efeitos práticos para quase a totalidade da nossa população", disse Cedraz.</p></blockquote>
<p>O cronograma oficial já teve que ser alterado. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu estender esse prazo até 29 de setembro por questões técnicas. </p>
<blockquote class="wp-block-quote"><p>As operadoras que venceram o leilão se comprometeram a investir em infraestrutura para oferecer a conexão, como instalação de fibras ópticas. Mas, segundo a agência, faltam equipamentos para elas fazerem a "limpeza da faixa" de 3,5GHz, que será usada pelo 5G, segundo a Anatel.</p></blockquote>
<p>O procedimento é necessário porque essa faixa também é usada para transmissão do sinal da TV parabólica e o Ministério das Comunicações definiu que a implantação do 5G não prejudicaria as pessoas que assistem TV aberta e gratuita por meio dessa tecnologia de radiodifusão. </p>
<p>Para todas as cidades do Brasil com mais de 30 mil habitantes, o prazo de implantação ainda é julho de 2029. Veja o cronograma completo da Anatel: </p>
<ul><li><strong>29 de setembro de 2022</strong>: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 100 mil habitantes</li><li><strong>31 de julho de 2023</strong>: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 50 mil habitantes</li><li><strong>31 de julho de 2024</strong>: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 30 mil habitantes</li><li><strong>31 de julho de 2025</strong>: capitais e Distrito Federal e cidades com mais de 500 mil habitantes tendo uma ERB a cada 10 mil habitantes</li><li><strong>31 de julho de 2026</strong>: cidades com mais de 200 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes</li><li><strong>31 de julho de 2027</strong>: cidades com mais de 100 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes</li><li><strong>31 de julho de 2028</strong>: pelo menos 50% das cidades com mais de 30 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes</li><li><strong>31 de julho de 2029</strong>: todas as cidades com mais de 30 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes</li></ul>
<p>Nos municípios com até 30 mil habitantes, a agência determina a instalação de até cinco estações rádio base, conforme o tamanho da população. Veja o cronograma para estas cidades: </p>
<ul><li><strong>31 de dezembro de 2026</strong>: 30% dos municípios com até 30 mil habitantes</li><li><strong>31 de dezembro de 2027</strong>: 60% dos municípios com até 30 mil habitantes</li><li><strong>31 de dezembro de 2028</strong>: 90% dos municípios com até 30 mil habitantes</li><li><strong>31 de dezembro de 2029</strong>: 100% dos municípios com até 30 mil habitantes</li></ul>
<h2>Em que pé está?</h2>
<p>O leilão do 5G, realizado em novembro passado, foi o primeiro passo para a exploração da tecnologia. O passo seguinte é a fase de implementação, com a instalação da infraestrutura necessária.</p>
<p>Brasília é a primeira cidade a receber a quinta geração. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) diz que São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa são as próximas capitais, mas ainda não há uma data definida. </p>
<p>A previsão inicial era de que o 5G fosse ofertado até julho de 2022 nas capitais. No entanto, esse prazo foi adiado para setembro. Isso para que as empresas tenham mais tempo para a limpeza da faixa de 3,5 GHz, usada pelo 5G, e também para transmissão do sinal da TV parabólica. </p>
<p>O procedimento é necessário porque o Ministério das Comunicações definiu que a implantação do 5G não prejudicaria as pessoas que assistem TV aberta e gratuita por meio dessa tecnologia de radiodifusão. </p>
<p>Quem usa esses equipamentos vai ter que trocar o aparelho por um digital, para não perder o sinal televisivo<em>.</em></p>
<h2>Vai ser mais caro?</h2>
<p>As operadoras geralmente não oferecem acesso exclusivo a um tipo de tecnologia de rede, mas cobram pela franquia de dados utilizada. </p>
<p>As empresas, porém, ainda não definiram se haverá reajustes nos preços de pacotes de dados, pois ainda vão levar meses até que a tecnologia esteja disponível. Essas definições deverão acontecer conforme a tecnologia chegue a uma cidade. </p>
<h2>Vai funcionar no celular que eu já tenho ou vou ter que comprar um compatível?</h2>
<p>Será preciso ter um celular compatível com a tecnologia 5G. Em julho de 2022, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) listava cerca de 60 modelos homologados. Há aparelhos partindo de R$ 1,3 mil. Com o tempo, a tendência é que todos incorporem a compatibilidade, assim como aconteceu com o 4G.</p>
<h2>O 4G vai acabar?</h2>
<p>Não. Os celulares atuais continuarão funcionando nas redes 4G, 3G e 2G – essas conexões não deixarão de funcionar. Por isso, você não precisará de um aparelho compatível com o 5G para usar a internet.</p>
<h2>Vai substituir a internet fixa?</h2>
<p>Não. Embora o 5G seja muito potente e prometa velocidades maiores até do que as que temos em casa, a tendência é que a rede móvel sirva como um complemento. </p>
<p>Para conectar lâmpadas, aspiradores de pó, geladeiras, entre dezenas de outras coisas, o Wi-Fi ainda será a ponte para a internet. </p>
<p>"Para o 5G oferecer a velocidade, é preciso também chegar com a fibra óptica na antena", explicou Eduardo Tude, presidente da Teleco, empresa de consultoria de telecomunicações. </p>
<p>Para o executivo, a internet fixa vai melhorar independente do 5G. A necessidade de se instalar mais cabos de fibra óptica nas cidades pode acelerar toda a infraestrutura.</p>
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<p>Fonte: <a href="https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2022/07/06/5g-chega-ao-brasil-nesta-quarta-guia-explica-o-que-vai-mudar-com-a-nova-tecnologia.ghtml" target="_blank" rel="noreferrer noopener">g1</a></p>